Análise de Sonhos, Sintomas e Sincronicidades
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Se você está por volta dos 35, 40 anos, e uma sensação de angústia diferente tem assolado sua alma... Prepare-se. Você está entrando na Crise da Passagem do Meio, comumente chamada de Crise dos 40 ou Crise da Meia Idade.
Crise dos 40, Crise de Meia Idade, Crise da Passagem do Meio
Infelizmente, não há muito material que trate em profundidade este tema. Quando comecei a sentir algo diferente, por volta dos 39, o que encontrei na internet - em uma busca rápida - não ressoou comigo. Entretanto, como analista junguiana em formação, me deparei com um livro que me chamou muita atenção: era o Universo trazendo a mim uma resposta para meus anseios. Nesse post, quero compartilhar com você alguns insights sobre "A Passagem do Meio: da miséria ao significado da meia-idade", de James Hollis, cofundador do Instituto C. G. Jung da Filadélfia e do Programa de Estudos Junguianos da Universidade Savbrook.
E, como a sincronicidade está no ar, funcionando sempre e a todo vapor, muitas das mulheres que estou atendendo, quer seja por meio do Tarot ou das sessões em que analiso Sonhos, Sintomas e Sincronicidades, têm apresentado angústia semelhante, que eu vou sintetizar assim:
- Estudei, trabalhei, casei, tive filhos e cheguei aqui... E aí? A vida é isso? Só isso?
- Por que, justamente quando cheguei no tão almejado topo, carrego esse sentimento de que ainda falta alguma coisa? Que não estou plenamente feliz ou satisfeita? Que deu tudo certo?
- Como assim? Como eu, com essa idade, ainda não sei direito "quem sou eu"?
A essas questões, você pode acrescentar:
- Medo da morte (incoerente quando não há, neste momento, a presença de nenhum sinal que aponte para ela, como a vivência de uma comorbidade).
- Medo ou negação da velhice (com afirmações recorrentes sobre como se sente jovem!).
- Frustração pelos sonhos não realizados e que, percebe-se, não haverá mais tempo ou condições materiais (financeiras, de saúde, de tempo) para serem realizados.
- Insatisfação com os relacionamentos (afetivos, familiares, profissionais).
- Sensação de que as velhas referências de mundo não são tão sólidas e seguras quanto se imaginava.
- Nostalgia, depressão, ansiedade e até crise de pânico.
- Vontade de sumir, desistir de tudo.
- Percepção de que "a felicidade não é deste mundo" ou "não nasci pra ser feliz".
- Autoestima baixa.
- Cansaço de ser quem tem sido, vontade de ser outra pessoa e viver outra vida.
- Vontade de ser mais, fazer mais, buscar o diferente, deparar-se com o mistério e o sagrado.
Vamos entender o que está acontecendo?
"A crise da meia-idade, que eu prefiro chamar de passagem do meio, apresenta-nos uma oportunidade de reexaminar a nossa vida e fazer a pergunta por vezes assustadora e sempre libertadora: 'Quem sou eu além da minha história e dos papeis que interpretei?' Quando descobrimos que vivemos até agora algo que constitui um falso eu, que temos representado até o momento uma idade adulta provisória, impelidos por expectativas irrealistas, nós nos abrimos finalmente para a possibilidade de uma segunda idade adulta, nossa verdadeira individualidade" (Hollis, 1995, p. 9).
Na primeira metade da vida, operamos por meio de uma personalidade provisória, ou seja, desenvolvemos e assumimos uma série de estratégias e scripts para lidar com a angústia existencial e as várias feridas que vamos acumulando ao longo de nossa história. O movimento é pra frente, pra fora, pra cima: há um mundo inteiro para conquistar!
Aí, quando chegamos lá, na metade, no topo, no alto... Podemos ver melhor o caminho percorrido e a visão do horizonte nebuloso que se coloca à frente, ou seja, a percepção de que já não temos mais tanto tempo assim quanto dispunhamos antes (é natural que o jovem não conceba sua condição de finitude com a mesma consciência que alguém que já caminhou um pouco mais) pode ser desoladora.
- Que planos foram traçados e efetivamente realizados?
- Que sonhos foram sonhados e já não há mais tempo ou condições materiais para realizá-los?
- Que valores foram tão perseguidos e arduamente defendidos... e agora já não importam mais? Quer seja porque revelaram sua banalidade ou porque perderam seu encanto diante de outras prioridades?
- Quem você viveu para ser e agora parece que já não corresponde mais ao que você se tornou?
- Aliás... Quem é você, para além da história que viveu até aqui?
Por que essa crise surge?
As referências antes sólidas e seguras parecem evanescer. Há quem entre em depressão, há quem entre em negação, há quem não consiga desapegar-se do que já não serve mais. Há quem veja seu relacionamento, sua carreira, sua vida simplesmente desmoronar. E depois que a poeira baixar... O que, afinal, sobra?
Crises surgem porque algo não anda bem. É um sinal de desgaste, inconformidade, insatisfação.
Nesse período em particular, as personas que desenvolvemos para desempenhar nossos papeis no mundo exterior - e com as quais passamos, muitas vezes, a nos identificar em demasia - são confrontadas por nossas sombras. E esse confronto não é nada fácil.
Há também quem diga que "A vida começa aos 40". Quem tem filhos, os vê crescidos e mais independentes. Eles vão embora... surge a "síndrome do ninho vazio". Grande parte da vida até então foi cuidar deles, desempenhar o papel de mãe, de pai. Com os filhos mais longe... Que papel sobra? Sobra mais tempo para olhar para si e redescobrir-se. E redescobrir-se não significa apenas ter tempo para o lazer, mas para o dever de abraçar todas as suas partes no caminho rumo à totalidade, à individuação. Quem mergulhou no mercado de trabalho, desenvolveu-se numa carreira em um contexto tão fluído... Pode, de repente, perceber que o ritmo ou a rotina profissional já não encantam mais. Pode, inclusive, sentir-se deslocado - e o ímpeto por estar sempre atualizado, correndo desesperadamente para não ficar pra trás, para não perder espaço em ambientes altamente competitivos... enfraquece, perde o sentido. Quem desenvolveu seu próprio empreendimento com o sonho de "não ter chefe", ser "meu próprio patrão", ficar "rico"... descobre o quanto as responsabilidades são grandes e até opressivas. E quem materialmente enriqueceu pode olhar em volta de sua montanha paradisíaca de moedas de ouro e ainda assim, sentir-se só e infeliz.
- Qual o sentido da vida?
A crise convoca, dolorosamente, a uma reflexão profunda. O cheiro da morte se aproxima, antes dela, a decadência do corpo, a velhice... com todos os ensinamentos que só a derrocada do corpo é capaz de trazer.
- Quanto tempo falta?
- Quanto tempo será possível viver com saúde plena?
- O que posso fazer com o tempo que me resta - e que nem sei quanto tempo é?
"A vida começa aos 40!"
A passagem do meio inaugura a segunda metade da vida. Aqui, o movimento é pra dentro (interiorização para redescobrir-se) , pra trás (revisão da própria história), pro-fundo (passamos a considerar com mais atenção questões existenciais, religiosas, filosóficas; há que se descer ao Hades, ao submundo, ao inconsciente... para encontrar nossas sombras e apanhar os tesouros que deixamos de descobrir enquanto estávamos no movimento para frente, para o alto, para fora).
Sim, há sabedoria na frase "A vida começa aos 40". A crise traz a oportunidade e a possibilidade de uma nova vida surgir, com mais inteireza, mais maturidade, tirando-nos do individualismo para o caminho da individuação.
Qual a mensagem que o inconsciente nos trás?
Não negue a crise. Não finja que está tudo bem. Não ignore esse alerta. Aquilo que preferimos reprimir, ignorar, não deixa de existir. Está lá, em nós. E vai dar um jeito de continuar nos assombrando. Dores crônicas, insônia, pesadelos, ansiedade, depressão, melancolia... Sonhos, sensações, sintomas, acidentes e eventos síncronos: o inconsciente mobilizará o que for preciso para se comunicar com a gente. E o que ele quer dizer?
- Chegou a hora de você viver aquilo que nasceu para ser. Redescubra sua essência, sua missão de alma, seu destino. Bora encontrar um ser, um fazer, um sentir, um pensar que realmente faça com que você sinta sua alma cantar.
Sim, esse é um bom sinal de que encontramos o fio da meada rumo à nós mesmas. Para que possamos nos sentir mais confortáveis, felizes e leves dentro de nossa própria vida, a despeito de todos os desafios. Rejuvenescidas e mais sábias. Capazes de abraçar o outro, desenvolver empatia - qual o sentido da vida senão servir?
Há um professor no IJEP (Waldemar Magaldi) que diz assim: "Quem não vive pra servir, não serve pra viver". Com isso, ele se refere ao fato de que muitas pessoas, tendo vivido tão egocentradamente, acabam perdendo o sentido do próprio viver, sendo arrastadas por pensamentos depressivos e até mesmo suicidas. Somos todos Um. Redescobrir que nossa felicidade e bem-estar estão mais relacionados com a felicidade e bem-estar do próximo, e trabalhar por isso, nos conduz à transcendência, produz significado à vida, ao tempo que nos resta. E sempre é tempo.
Referência:
HOLLIS, James. A Passagem do Meio: da miséria ao significado da meia-idade. São Paulo: Paulus, 1995.
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